domingo, 16 de fevereiro de 2014

ROD – A AUTOBIOGRAFIA


                

                                       *por Rodrigo Lee

Na última década o número de biografias, autobiografias de artistas e histórias sobre movimentos musicais tem aumentado consideravelmente. Em meio à histórias insólitas de cantores que acabaram de iniciar suas carreiras o destaque fica realmente para livros de cantores e bandas que tem o que falar, contar, revelar: Kiss, Led Zeppelin, Black Sabbath, Metallica, Keith Richards, Ozzy Osbourne, Steven Tyler, David Bowie, Morrissey e finalmente... Rod Stewart! Em sua autobiografia o inglês, mas escocês de coração, escancara sua vida a ponto de esclarecer dúvidas sobre momentos pessoais, que por anos seus detratores insistiram em tentar jogar no ventilador. Tudo é falado, desde a infância, passando pela adolescência quando se interessou por música e conheceu seu mentor e ídolo Long John Baldry, sua paixão pelo futebol, suas passagens pelas bandas Jeff Beck Group e The Faces, sua longa amizade com Ron Wood, carreira solo e as várias mulheres. Aliás, boa parte do livro foca em suas aventuras amorosas; algumas delas desastrosas. Entre as várias revelações estão: o fato de ter sido ou não coveiro, as amizades suspeitas, a concorrência-musical-amigável com Elton John o mea-culpa pelo plágio de ‘Taj Mahal’ de Jorge Ben na música ‘Da Ya Think I’m Sexy’, os shows no Brasil, as reviravoltas na carreira musical, etc. Uma autobiografia humana, divertida e muito recomendável. Long Live Rod Stewart!

                            
*Rodrigo Lee é músico e produtor cultural.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

MONSTERS OF ROCK

       (enfim um festival que fez jus ao nome!)
                                                                                                                                     por Rodrigo Lee*

   Estamos habituados a ir ou ficar sabendo de festivais que se dizem de rock, jazz, sertanejo ou axé, e na programação final os organizadores enfiam por nossas goelas cantores ou bandas que pouco ou nada tem a ver com o estilo. Exemplos existem aos montes: cantores sertanejos no carnaval da Bahia, bandas de pop/rock em rodeios, cantores explicitamente pop em festival de jazz e ainda, cantora de axé em festival de rock! E a desculpa por isso é: não tem desculpa! Os organizadores se esquivam das perguntas. E quando não se desviam dão explicações esdruxulas!
   Mas, vamos aos fatos atuais: o Monsters of Rock aconteceu nos dias 19 e 20 de outubro. Dois dias especificamente de rock ‘n roll. No primeiro dia bandas relativamente novas do subgênero new metal se apresentaram e fizeram a alegria do publico mais novo - Slipknot, Korn, Limp Bizkit, Hatebreed e Gojira. Não fui nesse dia, mas o que ouvi a respeito foi a superioridade de Slipknot e Korn, que sem dúvida estão um degrau acima das demais.
   Eu fui no domingo, dia 20, e presenciei a boa abertura com os brasileiros do Dr. Sin, indiscutivelmente a melhor banda de hard rock do país e que desde sua formação inicial peca pelo fato de não ter um bom vocalista. O baixista Andria Busic desempenha a função com boa vontade, mas falta...
   Na sequencia vieram os americanos do Dokken, que confesso estava entre as atrações mais aguardadas por mim; porém o que vi e ouvi foi uma banda quase desentrosada com o cantor Don Dokken sendo incapaz de alcançar as notas mais primárias de suas próprias músicas. Boas músicas e irregular desempenho.
   Em seguida veio o Queensryche. Ou o que sobrou dele. No palco apenas o vocalista Geoff Tate. Está rolando uma briga pelo nome: Tate de um lado e os outros três remanescentes, de outro. Os dois lados estão usando o nome Queensryche e em breve os advogados chegarão a um veredicto sobre quem pode usar a consagrada nomenclatura. Em relação ao show, Geoff Tate com sua banda entregou um show de muito bom gosto e qualidade, como sempre. A mistura de heavy metal com elementos do progressivo dão ao Queensryche o possível título de criador do, hoje, duvidoso metal melódico!
   Minutos se passaram até que surge no palco o errante Buckcherry, uma (boa) mistura de Guns n’ Roses com new metal. E nada mais a acrescentar. O tempo dirá se eles sobreviverão. Tomara que sim!
   Um das mais aguardadas bandas do festival, o Ratt veio ao Brasil com Carlos Cavazo (ex-Quiet Riot) na segunda guitarra, substituindo o falecido Robbin Crosby. A apresentação foi direta e carregada de maneirismos do hard rock da década de 1980. O vocalista Stephen Pearcy nunca foi e nunca será um grande cantor, mas exala simpatia, o guitarrista Warren de Martini, cogitado pra banda de Ozzy, é um músico razoável e desempenha bem sua função. No fim das contas foi uma apresentação divertida.
   Pra quem realmente gosta de rock n’ roll, blues e hard bem feito, a verdadeira atração principal da noite era o Whitesnake. Capitaneado por David Coverdale o sexteto deu uma aula. Indiscutivelmente, a melhor banda do Monsters of Rock de 2013! Falar de Coverdale é fácil: um dos maiores cantores e performers de todos os tempos! Ele sempre primou por montar um grande time pra acompanha-lo e o atual, conta já há algum tempo, com os dois guitar-heroes Reb Beach e Doug Aldrich. Nos outros instrumentos a troca é uma constante; prova disso é a presença no Brasil do ‘atual ex’ baterista Tommy Aldridge. A tônica dos shows é a mistura dos hard-blues com baladas que arrebatam a todos. Melhor espetáculo da noite!
   Uma pausa maior do que as outras e surge na passarela, exclusiva pra atração final da noite, Steven Tyler e Joe Perry. Pra quem há meses atrás estava a ponto de encerrar as atividades o Aerosmith fez razoavelmente bem a sua parte como alarmada ‘atração mestra’ da noite. Aliás, o que os salva é um vasto e bom repertório comercial, que permeia as últimas, quase, cinco décadas. O baixista Tom Hamilton, tratando de um câncer, nem veio ao país, Joey Kramer sempre foi um baterista pífio, e com o tempo piorou. O segundo guitarrista Brad Whitford é mediano. Teoricamente sobraria para o dono da bola, Joe Perry, dar seu show. E o que se ouviu foi um guitarrista errando solos e riffs primários, criados pelo próprio! Parece que enfim os anos de abuso de substâncias duvidosas se manifestou na vida do cara, que quando surgiu era o novo Keith Richards e influenciou, muito, entre outros, o guitarrista Slash. Mas o que poderia ser uma apresentação média foi salva pelo show-man Steven Tyler. Vestido, adornado e pintado como mulher o cara esbanja carisma, presença, energia e potência vocal suficiente pra quase anular o restante da banda. Esperemos que o quarteto de músicos se recupere tecnicamente ou estarão fadados a ser a banda que acompanha um grande cantor e performer. O saldo final foi excelente.
Pra quem gosta de festivais com brasilidades e afins, aqui não é seu lugar! O Monsters of Rock sempre foi um festival de um estilo anglo-americano eterno, o Rock n’ Roll!

                                       

        *Rodrigo Lee é músico e produtor cultural.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

FRANZ FERDINAND - RIGHT THOUGHTS… )

  
   O quarteto escocês tem um impressionante e cativo publico no Brasil, comparável somente ao que eles possuem no Reino Unido. Desde o lançamento do álbum homônimo de estreia, que trazia o hit Take Me Out, eles já estiveram por aqui em várias ocasiões, desde banda de abertura à atração principal em festivais de médio porte. Em ‘Right Thoughts, Right Words, Right Action’, o quarto CD da carreira, a turma liderada pelo guitarrista e vocalista Alex Kapranos aposta no velho formato que deu certo anteriormente: rock e pop direto, dançante e com o som pendendo pra distorções de guitarra levemente agudas. No caldeirão de influencias sobram ideias vindas, de décadas atrás, de bandas inglesas como The Smiths, Echo & The Bunnymen e Happy Mondays. 

segunda-feira, 1 de julho de 2013

OFICINA G3 - HISTÓRIAS E BICICLETAS




Há muitos anos o Oficina G3 deixou de mirar exclusivamente o publico cristão protestante e passou a atingir ouvintes e admiradores no meio secular, vide sua apresentação em uma das edições do Rock in Rio. Em ‘Histórias e Bicicletas’ a única coisa que compromete é o vocal afetado e caricato do cantor Mauro Henrique, substituto de PG desde o penúltimo trabalho da banda. Mas a característica marcante da banda sempre foi seu guitarrista Juninho Afram, que mais uma vez toma pra si a responsabilidade de conduzir o quinteto por praias roqueiras com grandes influências de Muse e Foo Fighters. As letras seguem a mesma boa linha de louvor à Deus, amor e positividade. Destaques: Compartilhar, Sou Eu, Encontro e o cover Save From Myself. Que o fraco atual cantor não venha a comprometer a banda que já existia há muitos anos e que sempre foi referencia para novas bandas cristãs em toda a América latina. Substituir PG a altura ele nunca conseguirá, mas umas aulas de canto, respiração e postura como cantor não lhe faria mal! Vida longa ao Oficina G3!

segunda-feira, 22 de abril de 2013

BON JOVI - WHAT ABOUT NOW  

‘What About Now’ é décimo-quinto álbum da banda norte-americana e conta com doze faixas compostas pelo vocalista Jon Bon Jovi e pelo guitarrista Richie Sambora em parceria com o produtor John Shanks e o hitmaker  Desmond Child. O que se houve aqui é um pop comercial com pitadas de rock. Nem sombra do que já foi o hoje quarteto de New Jersey. E isso vem acontecendo desde seu penúltimo trabalho, ‘Lost Highway’, descaradamente country-pop. Infelizmente pouco se salva em ‘What About Now’’. That’s What the Water Made Me, Room at the End of the World e The Fighter são apenas resquícios de criatividade de uma das, ainda, maiores bandas do planeta. Esperemos pelo show no Rock in Rio.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

25 ANOS DE GRUNGE

   
 
   Seattle, a cidade que deu ao mundo Jimi Hendrix, Heart e Queensryche foi responsável por abrigar o ultimo movimento musical acontecido nas ultimas décadas que deu realmente um certo fôlego ao rock n’roll. O marco inicial do grunge se deu em 1988 quando do lançamento de ‘Superfuzz Bigmuff’ do Mudhoney. Nessa época outros grupos como Green River, Mother Love Bone e Temple of The Dog despontaram e abriram passagem para que novas bandas aparecessem e dessem seguimento a uma necessidade de fazer um som muito influenciado por punk, hardcore e heavy metal. Porem, sem duvida, o maior expoente do grunge veio de uma cidade vizinha a Seattle chamada Aberdeen e atende pelo nome Nirvana que soltou seu primeiro disco ‘Bleach’ em 1989. Todos esses grupos tinham seus, na época, LP’s soltos no mercado americano pela Sub Pop, uma gravadora independente que com o tempo abriu espaço para novos estilos.

O estouro mundial, via MTV, se deu quase três anos depois com o triunvirato Nirvana, Alice in Chains e Pearl Jam. O Nirvana deu ao mundo o hino de toda uma geração: Smells Like Teen Spirit do premiadíssimo disco ‘Nevermind’ (1991). O Alice in Chains sempre se caracterizou por um clima meio down mas sempre freqüentou as paradas e vendeu muitos discos. O Pearl Jam, surgido das cinzas do Mother Love Bone resiste até os dias de hoje gravando e lançando discos quase regularmente. Outros nomes se destacaram como Tad, Melvins e Soundgarden. Esse último aos poucos se desligou do estilo e se firmou no meio da década de 90 quase como uma banda de metal.    

   O movimento grunge tinha em sua vestimenta algumas características muito próprias que eram as camisas de flanela, jeans surrados e rasgados, botas pesadas e em certas ocasiões boinas de lã. Muito disso se deve ao clima frio da região. A maneira de vestir desse pessoal também os remetia ao movimento punk que com uma diferença de dez anos também revolucionou a moda urbana.

   De tudo o que aconteceu na região de Seattle há 25 anos atrás restou o Mudhoney, Pearl Jam, Alice in Chains e Chris Cornell que perambula por bandas, projetos e sua inconstante carreira solo. Muito pouco para um movimento de tal relevância. Que possamos em breve presenciar novos levantes musicais de tal monta. Long Live Grunge!!!!

 

Discografia sugerida:  Mudhoney - Superfuzz Bigmuff (1988)

                                    Nirvana - Nevermind                  (1991)

                                    Pearl Jam - Ten                         (1991) 

                                    Soundgarden - Badmotorfinger  (1991)

                                    Alice in Chains - Dirt                   (1992)

 

   Filmes sugeridos:    Singles - Vida de Solteiro           (1992)

                                          Pearl Jam - Twenty               (2011)

     
                                                                     *Rodrigo Lee é músico e produtor cultural.

domingo, 23 de setembro de 2012



BACAMARTE E O PROGRESSIVO DOS ANOS 70 NO BRASIL

Recentemente o Bacamarte voltou à ativa. Sem dúvida uma das melhores noticias do ano pro nosso combalido “Nacional Rock”. O Bacamarte começou e teve um mediano sucesso no Rio de Janeiro e só foi devidamente reconhecido no resto do sul e sudeste do Brasil após ‘descobrirem’ que a vocalista da banda era nada mais nada menos que a melhor cantora do país: Jane Duboc (mãe de (Jay Vaquer). A essas alturas ela já estava com um relativo sucesso na carreira solo, gravando músicas sub-brega-mpb. Mas esse é um assunto pra outra hora... O Bacamarte era comandado pelo guitarrista e compositor Mario Neto e como todas as bandas brasileiras da época, bebiam fortemente no progressivo europeu, sobretudo em Genesis, Yes e Emerson, Lake & Palmer. A noticia da volta do sexteto, com Jane Duboc, veio na mesma época da vinda de Martin Turner (ex-Wishbone Ash) ao Rio de Janeiro; e os cariocas fizeram a abertura desse show na terceira edição do Rio Prog Festival. E como citado acima, outras bandas brasileiras também praticavam rock progressivo da melhor qualidade: Casa das Maquinas, Som Imaginário (banda de Milton Nascimento), Recordando o Vale das Maçãs, Modulo 1000, Terreno Baldio, Moto Perpétuo (de onde saiu Guilherme Arantes),  Mutantes (segunda fase), Som Nosso de Cada Dia, O Terço (de onde saíram Flavio Venturini e Sergio Magrão para formar o 14 Bis), Sagrado Coração da Terra (inicio do anos 80 -de onde saiu Marcus Vianna),  entre outras. Quase todas essas bandas tiveram sua obra relançada em CD nos últimos quinze anos. Vale a pena dar uma procurada (ou ‘baixada’) por aí. Em tempos em que qualquer banda americana ou europeia que põe um tecladinho nas músicas é chamada de prog metal, esses caras brasileiros mostravam o que era fazer o verdadeiro rock progressivo com poucos ou nem um recurso de programações e bit’s pré programados.

*Rodrigo Lee é músico e profundo admirador de rock progressivo inglês.
(www.musicaurb.blogspot.com)