segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A RAINHA DO ROCK BRASIL (parte 1)


por Rodrigo Lee*

Ao longo das ultimas quase quatro décadas Rita Lee tem sido eleita a rainha do Rock Brasil. Até quando seremos enganados? Ela já não carrega mais esse título há pelo menos vinte e cinco anos. Isso se pensarmos que o seu ultimo disco de rock n’ roll foi gravado no inicio dos anos 80. De lá prá cá ela lançou inúmeros discos do mais descarado pop. Muito disso se deve à insossa parceria que Tia Rita fez com seu marido e músico(!?) Roberto de Carvalho. O cara teve a capacidade de exigir que seu nome fosse impresso nas capas dos então LP’s. Assim o que se via na capa de tais discos da “nossa rainha do rock” era “Rita Lee & Roberto de Carvalho”. Bom, é claro que ela permitiu tal coisa. A verdade é que Roberto ‘Yoko Ono’ de Carvalho sempre foi um músico medíocre que fazia parte da banda de apoio de Rita Lee nos seus tempos como vocalista da banda Tutti Frutti. Esse sim, um grupo de rock do qual Rita Lee Jones fez parte nos anos 70, logo após deixar os Mutantes dos lesados irmãos Arnaldo Baptista e Sergio Dias. Voltando ao Sr. Roberto de Carvalho, aos poucos ele pôs as asinhas de fora, passou a compor, tocar e até dar pitacos na produção dos discos de Rita. Daí para ter seu nome ao lado do de Rita Lee era apenas uma questão de tempo. E isso passou a ser uma constante a partir do disco de 1982 que vinha com os “rock’s” ‘Flagra’, ‘Só de Você’ e ‘Cor-de-Rosa Choque’. Isso sem contar a participação efetiva do “roqueiros” do Roupa Nova e João Gilberto(!). Nos anos seguintes foram lançados outros discos que continham os “clássicos do rock” ‘Desculpe o Auê’, ‘Noviças do Vício’, ‘Buana Buana’, etc. No entanto o atestado de ex-rainha do rock Brasil foi o LP ‘Rita Lee em Bossa n’ Roll’. Era um disco ao vivo com apenas dois violões executando seus pseudo-rock’s em ritmo de...bossa nova! Daí em diante a coisa só foi piorando, pois sua credibilidade como roqueira foi por água abaixo e nem as músicas pop lançadas pelo casal faziam mais efeito. Consequentemente o que aumentou foram os discos ao vivo com seus grandes sucessos requentados em forma “acústica” ou “elétrica”. Quero deixar bem claro que eu sou fã de Rita Lee e tudo que aqui está escrito vem com o embasamento de possuir todos os discos de sua carreira solo e também de sua fase realmente roqueira à frente da banda Tutti Frutti. Admiro também a fase pop da mesma. A questão é que talvez deveríamos coroá-la então como rainha do pop-Brasil e não do rock.

*Rodrigo Lee é músico, crítico musical e admirador de todas as vertentes do Rock n’ Roll.
rodrigo_lee@hotmail.com

RAÍZES DO ROCK N' ROLL - parte 5 (FOLK e SKIFFLE)


por Rodrigo Lee
rodrigo_lee@hotmail.com

Esse mês conheceremos mais alguns estilos musicais que deram origem ou influenciaram o eterno Rock n’Roll. São eles, o Skiffle e o Folk .
O Skiffle nunca teve seu valor reconhecido historicamente, mas se originou por um motivo que aflige uma boa parte de músicos no mundo até os dias atuais: a falta de verba para compra de instrumentos. O estilo foi criado nos anos 20 por jazzistas urbanos menos abonados que usavam tábuas de lavar roupa, garrafões e outros utensílios domésticos como contra-baixo e instrumentos de percussão. O maior nome do skiffle vem dos anos 50, Lonnie Donegan (1931/1979), que foi reconhecido ainda pelos músicos da famosa ‘british-invasion’ dos 60’s. Uma década depois os punkers americanos e ingleses tomariam como exemplo esses mesmos músicos do skiffle para justificar seu lema ‘do it yourself’. Mas isso é uma história prá daqui alguns meses.
O Folk é praticado desde o século XIX e é conhecido numa tradução pouco aproximada como ‘música do povo’, devido à sua ligação ao folclore de cada país, principalmente dos Estados Unidos. O nome mais conhecido e embrionário é o de Stephen Foster (1826/1864), autor de entre outras, ‘Old Kentucky Home’ e ‘Oh Susanna’. Essa última, regravada por muito artistas ao longo tempo e tendo na versão dos Byrds seu momento mais brilhante. Outros nomes de substancial relevância são os de Woody Guthrie (1912/1967), Pete Seeger (1919/1969) e o de Leadbelly (1889/1949), que fazia um amálgama de folk com blues.
A chamada música folclórica sempre teve uma ligação muito forte com as tradicionais cantigas infantis e é claro que como um dos avós do rock, o folk não deixaria de ser também um pouco moleque e brincalhão. Com isso alguns compositores fizeram essa mescla descontraída e criaram grandes sucessos como ‘Walking The Dog’ de Rufus Thomas, regravada por Rolling Stones e ‘Ain’t That Just Like Me’ dos Coasters, regravada pelos Hollies e Searchers. Um pouco mais adiante o tema dos Três Patetas, ‘Three Blind Mice’ influenciou John Lennon em sua carreira solo. Aos poucos o folk foi se tornando mais alegre e acabou originando o bubblegum, outro subgênero do rock.
Na virada para os anos 60 o folk já tinha o mérito de unir todas as classes sociais. E isso se deu graças a grandes nomes como The Mammas & The Pappas, Peter Paul & Mary e principalmente Bob Dylan que até o século atual vem ditando regras na música mundial.

*Rodrigo Lee é músico e admirador de Rock n’Roll e suas vertentes.