quinta-feira, 24 de março de 2011

MATANZA










MATANZA - ODIOSA NATUREZA HUMANA A gravadora Deck Disc é hoje uma das mais prolíficas do país em se tratando de distribuição e lançamentos de discos de estilos díspares. Esse é seu ultimo e aguardado lançamento. Poucas bandas no Brasil fizeram tão bem a transição do underground para o mainstream como o Matanza. Se é que os próprios se assumam como tal nesse momento. O som feito por eles é um hardcore da melhor qualidade com influências em alguns momentos de country e de rock n’ roll básico. ‘Odiosa Natureza Humana’ é o quinto disco da banda carioca e foi produzido por Rafael Ramos, possivelmente o melhor produtor de rock do Brasil. Como em qualquer outro produto do estilo o CD é curto, 38 minutos. É um petardo atrás de outro. Direto e executado pelo trio básico guitarra-baixo-bateria, completado pelo vocalista Jimmy, ‘Odiosa Natureza...’, tem seu ponto forte nas faixas: Remédios Demais, Conforme Disseram as Vozes, Tudo Errado, Ela não me Perdoou e na faixa título, todas compostas pelo guitarrista Donida. Gravado analógicamente ‘Odiosa Natureza...’ foi lançado também em LP, exatamente pra captar a sonoridade característica desse tipo de gravação. Produto imperdível pra fanáticos pela banda. *Rodrigo Lee é músico e produtor cultural (rodrigo_lee@hotmail.com / musicaurb.blogspot.com)



sábado, 5 de março de 2011

MÚSICA PRA DANÇAR

Carnaval chegou e o Brasil se divide entre quem gosta de marchinhas e quem gosta de axé music, como se essa separação fosse realmente necessária.

Deixo claro que não sou admirador de nem uma. Meu gosto musical passa longe disso. Quero apenas fazer um parâmetro entre os estilos.

Qual é a profundidade das letras de marchas tradicionais como Mamãe eu quero, Cabeleira do Zezé, Tahí, e Mulata? Certamente nem uma profundidade ou conteúdo! São letras infantilóides e maliciosas ao mesmo tempo. Musicalmente então, nem se fala. São acordes repetitivos e fáceis de tocar. Mas a intenção das marchinhas é a de dançar; e em defesa de uma ‘tradição da tradição’ as marchinhas são idolatradas. O ritmo axé também tem a intenção de fazer as pessoas ‘tirar os pés do chão’, sinônimo nos tempos atuais de dançar. As letras do axé não são é claro, um primor, mas tem, sim, mais conteúdo e fazem mais sentido nos tempos atuais do que as marchinhas. E musicalmente são infinitamente melhores do que as marchas. O exemplo disso são músicas de artistas como Daniela Mercury, Netinho, Ivete Sangalo e Claudia Leite. Aí eu chego à questão: porque os amantes das marchinhas têm preconceito com o axé e os amantes do axé, apesar de não ouvirem ou pular carnaval ao som de, não demonstram preconceito em relação às marchas??? Tradição ou preguiça mental de tentar entender, assimilar ou se adaptar aos novos tempos? Porque só as músicas, filmes, novelas e outros produtos culturais criados há décadas são melhores que os atuais? Pensar assim é no mínimo ignorar, desconsiderar e negligenciar os tempos em que nossos filhos vivem ou viverão. Porque não conhecer o novo tentando no mínimo encontrar nele as influências e qualidades do velho? Nesse carnaval, pense sobre isso quando for a bailes carnavalescos, onde a prioridade são as marchas, e/ou quando estiver ‘perseguindo’ o trio elétrico, onde o que manda é o axé. Muitas vezes precisamos apenas, literalmente, dançar a música sem nos preocupar em prestar atenção no que a letra está falando. Possivelmente se isso acontecer atrapalhará a dança!

Apenas dance, brinque e se alegre nesses quatro chamados dias em que esquecemos de tudo e nos divertimos! Depois disso a vida continua. Ou o ano começa!!!

*Rodrigo Lee é músico e produtor cultural