domingo, 23 de setembro de 2012



BACAMARTE E O PROGRESSIVO DOS ANOS 70 NO BRASIL

Recentemente o Bacamarte voltou à ativa. Sem dúvida uma das melhores noticias do ano pro nosso combalido “Nacional Rock”. O Bacamarte começou e teve um mediano sucesso no Rio de Janeiro e só foi devidamente reconhecido no resto do sul e sudeste do Brasil após ‘descobrirem’ que a vocalista da banda era nada mais nada menos que a melhor cantora do país: Jane Duboc (mãe de (Jay Vaquer). A essas alturas ela já estava com um relativo sucesso na carreira solo, gravando músicas sub-brega-mpb. Mas esse é um assunto pra outra hora... O Bacamarte era comandado pelo guitarrista e compositor Mario Neto e como todas as bandas brasileiras da época, bebiam fortemente no progressivo europeu, sobretudo em Genesis, Yes e Emerson, Lake & Palmer. A noticia da volta do sexteto, com Jane Duboc, veio na mesma época da vinda de Martin Turner (ex-Wishbone Ash) ao Rio de Janeiro; e os cariocas fizeram a abertura desse show na terceira edição do Rio Prog Festival. E como citado acima, outras bandas brasileiras também praticavam rock progressivo da melhor qualidade: Casa das Maquinas, Som Imaginário (banda de Milton Nascimento), Recordando o Vale das Maçãs, Modulo 1000, Terreno Baldio, Moto Perpétuo (de onde saiu Guilherme Arantes),  Mutantes (segunda fase), Som Nosso de Cada Dia, O Terço (de onde saíram Flavio Venturini e Sergio Magrão para formar o 14 Bis), Sagrado Coração da Terra (inicio do anos 80 -de onde saiu Marcus Vianna),  entre outras. Quase todas essas bandas tiveram sua obra relançada em CD nos últimos quinze anos. Vale a pena dar uma procurada (ou ‘baixada’) por aí. Em tempos em que qualquer banda americana ou europeia que põe um tecladinho nas músicas é chamada de prog metal, esses caras brasileiros mostravam o que era fazer o verdadeiro rock progressivo com poucos ou nem um recurso de programações e bit’s pré programados.

*Rodrigo Lee é músico e profundo admirador de rock progressivo inglês.
(www.musicaurb.blogspot.com)

quarta-feira, 1 de agosto de 2012


Erasmo Carlos - 50 anos de Estrada – Ao Vivo

por Rodrigo Lee

Gravado ao vivo no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em julho de 2011, este show comemora 50 anos de carreira de Erasmo Carlos. Com participações especiais de Roberto Carlos e Marisa Monte, a apresentação revela a força e importância deste ícone da música brasileira, muitas vezes visto ou citado como pai do Rock n’ Roll brasileiro, em suas várias vertentes: o compositor inspirado, o intérprete catártico de canções de amor, sua eterna “fama de mau”, o artista sensível e irreverente, o rebelde romântico. Destaques para as músicas: ‘Mesmo que Seja Eu’, ‘Negro Gato’, ‘Minha Superstar’ e ‘Festa de Arromba’. Lançado em CD e DVD pela Coqueiro Verde, gravadora de seu filho.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

PATTI SMITH - BANGA


Poetisa do rock. Mãe do punk rock. Esses são apenas alguns dos títulos significativos  que ela adquiriu durante as ultimas décadas. Patti Smith esteve ao lado de Ramones, Talking Heads, Television, Blondie e outros, quando do auge do punk rock e da casa de shows CBGB em Nova York no final dos anos 1970. De lá pra cá muita coisa aconteceu no mundo, mas ela nunca perdeu sua veia transgressora e contestadora. Ouça as ótimas novas faixas Ring of Fire, Maria, This is a Girl, Banga e comprove isso. Ao seu lado, o fiel escudeiro e guitarrista Lenny Kaye lhe auxilia e dá base para continuar mostrando às novas gerações de cantoras o que são realmente as chamadas “canções de protesto”. Destaque ainda para a participação de Tom Verlaine (ex Television).

quarta-feira, 30 de maio de 2012

ROLLING STONES - 50 ANOS


Pouco antes de lançar a polêmica autobiografia - Vida - Keith Richards declarou ser possível um novo disco e conseqüente turnê mundial dos Rolling Stones. Se seria a última ele não soube falar, afinal tantas já foram a ‘última turnê’ de suas vidas que achou melhor não dizer nada a respeito. Certa vez Mick Jagger disse não se imaginar aos quarenta e cinco anos de idade cantando Satisfaction. No entanto Sir Jagger já passou dos sessenta e continua cantando o inevitável maior sucesso de suas carreiras.
Controvérsias, escândalos e confusões sempre fizeram parte da história dos Rolling Stones. Desde suas primeiras apresentações em 1962 os ingleses eram vistos como maus elementos. Não eram apresentáveis como seus rivais de Liverpool e suas músicas na maioria das vezes não falavam de amor, família e esperança como os ‘outros’. No início eram um sexteto com o tecladista Ian Stewart completando o time que tinha Mick Jagger, voz; Keith Richards e Brian Jones, guitarra; Bill Wyman, baixo e Charlie Watts, bateria. O então empresário Andrew Oldham não achava que Ian Stewart tinha exatamente a imagem que o grupo pedia, era comportado demais. Mais a frente ele ainda faria parte dos Stones, mas como músico convidado.
No início de suas carreiras o repertório era baseado em cover’s de seus ídolos Little Richards, Bo Diddley, Chuck Berry e Everly Brothers. Só a partir de 1965 é que começou uma das maiores parcerias da história do rock. Jagger/Richards passaram a ser responsáveis pela grande maioria das composições do grupo. No ano seguinte o álbum ‘Aftermath’ já saiu com composições exclusivas dos Stones. Em 1967 a canção Let’s Spend The Night Together foi censurada em uma apresentação na TV. A letra era considerada lasciva para a época. Daí em diante ocorreu uma série de prisões por porte de drogas e os processos eram constantes. No ano seguinte saiu a obra prima ‘Beggar’s Banquet’, ultimo trabalho de Jones com o grupo, que deixou em junho de 1969 e um mês depois foi encontrado morto na piscina de sua casa.  Pra seu lugar foi chamado Mick Taylor. Já com o novo guitarrista aconteceu o fatídico concerto em Altamont, quando alguns dos Hell’s Angels, responsáveis pela segurança do show, mataram um fã que estava segurando uma arma, durante Sympathy for The Devil. Durante longos seis anos, os Stones não tocaram essa música. Na década de 1970 lançaram, já pelo próprio selo, clássicos como ‘Sticky Fingers’, ‘Exile on Main Street’ e ‘Goat’s Head Soup’. Em 1975, sai Taylor e entra Ron Wood, ex-Faces. Os anos seguintes são de álbuns irregulares, excetuando talvez, ‘Tatoo You’, ‘Steel Wheels’ e ‘Voodoo Lounge’, esse ultimo já em 1994.
A verdade é que, a considerada por muitos a ‘maior banda de rock n’ roll do mundo’ talvez já não tenha assim mais tanto tempo de vida útil em cima de um palco; portanto se você é fã e os caras anunciarem uma turnê que passe pelo Brasil (provavelmente em 2013), não perca essa possível ultima chance de ver os ingleses. Long Live Rolling Stones!!

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Por que Música Urbana?





Quando tive a idéia do blog e disse o nome dele a algumas pessoas, elas me perguntavam: por que Música Urbana? Bom, os motivos não são poucos e também não sei a ordem exata deles, mas eu nunca gostei de ‘música do mato ou da natureza’, ou seja, músicas feitas e praticadas na praia com toda aquela preguiça característica de luau com violões e palminhas e ainda, a chamada música sertaneja raiz sempre me deprimiu e me deixou com a interrogação de que, se a vida rural ou em contato com a natureza é tão boa, porque os sertanejos sempre fizeram aquelas canções com letras tristes, sofridas, conformistas e de derrotados??? As músicas compostas ‘na cidade’ sempre me pegaram mais; talvez pelo fato de nunca ter morado na zona rural, nunca ter passado as férias na casa de um suposto parente que pudesse morar na fazenda e como conseqüência nunca me familiarizei com mato, terra, natureza e com a alegada paz que tudo isso possa causar. Sempre vivi em paz na cidade, com transito, barulho, poluição sonora, luzes e tudo mais que a vida urbana me proporcionou. Deixo claro que apesar de não gostar da vida no campo tenho o maior respeito pelas pessoas que vivem, trabalham no campo e admiram essa vida. E os outros motivos do livro se chamar Música Urbana é que é o nome de uma música composta pelo maior nome da minha geração, Renato Russo e por ser a primeira faixa do primeiro disco da banda brasileira que eu mais escutei na vida, Capital Inicial. Só esse último motivo já bastaria prá que eu pusesse esse nome no blog. O Capital sempre foi minha banda preferida e nunca neguei que minha maior influencia de palco como músico era e é o Sr. Dinho Ouro Preto.

sábado, 10 de março de 2012

MORRISSEY (Chevrollet Hall - BH - 07/03/12)






por Rodrigo Lee *

O que se via na porta do Chevrollet Hall em Belo Horizonte eram várias tribos que povoam o rock n’ roll mundial: dark’s, punk’s indie’s, metaleiros entre outros. E essa é a prova da diversidade do publico do ex-The Smiths, Morrissey, um dos maiores ícones do pós-punk inglês, surgido há décadas atrás. A capital mineira esperou por esse show a vida inteira, pois quando de sua visita anterior ao Brasil, o músico não havia se apresentado por lá. A abertura contou com a presença da cantora americana Kristeen Young, uma sub mistura de Kate Bush com Bjork. Show totalmente desnecessário e dispensável.

Após uma rápida preparação para a atração principal, as cortinas, literalmente, descem e surge o mito: Morrissey! As primeiras músicas, ‘First of The Gang to Die’ e ‘You Have Killed Me’ já levam os súditos ao delírio. O que se segue são canções de sua carreira solo, entremeadas com alguns clássicos eternos do The Smiths. Tais clássicos foram responsáveis pelos momentos catárticos do show: ‘I Know It’s Over’, ‘There is a Light That Never Goes Out’, ‘Still Ill’ e ‘Please Please Please Let Me Get What I Want’ arrancaram lágrimas! Da fase solo o ponto alto foi ‘Everyday is Like Sunday’ com as luzes do local sendo quase totalmente acesas provocando emoção até no próprio inglês, famoso pela frieza e distancia. Inesquecível!

No meu caso foi uma grande satisfação e prazer estar em um show de um dos meus últimos ídolos do rock inglês, vivo e em forma!! Long Live Morrissey!!!

*Rodrigo Lee é músico e admirador de todas as vertentes do Rock n’ Roll. rodrigo_lee@hotmail.com

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

35 ANOS DE PUNK ROCK


por Rodrigo Lee*

Se pensarmos nos britânicos Sex Pistols e The Clash, o punk está completando 35 anos de existência, porém a história começa bem mais cedo, quando em 1969 uma banda chamada MC5 soltou no mercado fonográfico o emblemático Kick Out The Jams. Pesado e sujo, mas com influências diretas de blues e rock n’ roll, os americanos as confirmaria em seu segundo disco, 'Back in The USA' e depois disso se perderiam no tempo, assim como seus contemporâneos New York Dolls e The Stooges. Esse último revelando para o mundo o grande Iggy Pop. A década de 70 foi frutífera para músicos que gostavam de ‘esmerilhar’ em seus instrumentos. Por isso o surgimento do rock progressivo de Genesis, Yes, Triumvirat, Pink Floyd, Renaissance, Trace e outros foi o alvo dos músicos que queriam fazer música com apenas três acordes. Abusando do lema do-it-yourself o movimento punk inglês teve nos Sex Pistols seu maior expoente. Letras de revolta e inconformismo eram o mote para outros grupos que foram surgindo como The Clash, Buzzcocks, The Jam, Exploited e The Damned na Inglaterra e Ramones, Patti Smith e Dead Kennedys nos EUA. Infelizmente o nosso espaço aqui é pequeno para expormos toda a importância do punk na música, moda e comportamento nos últimos 35 anos.
No Brasil os maiores nomes são os paulistas: Cólera, Ratos de Porão, Olho Seco, Inocentes, Verminose, Restos de Nada e Garotos Podres. Em outros estados pipocaram alguns nomes como: Aborto Elétrico, Blitx 64 e Detrito Federal (Brasília), Banda do Lixo (BH), Coquetel Molotov (RJ) e Replicantes (RS), porém sem a força do que foi o movimento em São Paulo.
Com o passar dos anos surgiram na Europa algumas bandas do chamado pós-punk como: Joy Division, The Cure, Siouxsie & The Banshees, Killing Joke, The Smiths e Psychedelic Furs.
Sem a energia e a pegada de antes, o punk só foi vagamente lembrado nos anos 90 quando surgiram os americanos Off Spring e Green Day praticando o que poderíamos chamar de neo-punk. No Brasil algumas bandas como Cpm 22 e Hateen migraram do hardcore (divisão do punk) para o emocore (vertente do hardcore). A verdade é que o legado ficou para as novas gerações.
Para os iniciados gostaria de indicar alguns discos básicos: 'Never Mind The Bollocks' - Sex Pistols, 'The Clash' - The Clash, 'Rocket to Russia' - Ramones, 'Radio Ethiopia' - Patti Smith Group e 'Fresh Fruits for Rotting Vegetables' - Dead Kennedys. No Brasil alguns discos representativos são: 'Descanse em Paz' - Ratos de Porão, 'Pânico em SP' - Inocentes, 'Mais podres do que Nunca' - Garotos Podres e 'O Futuro é Vortex' - Replicantes
Duas leituras básicas são os livros: ‘O que é Punk’ de Antonio Bivar e ‘Mate-Me Por Favor’ de Legs McNeil & Gillian McCain.
Punk’s Not Dead!
Long Live Punk-Rock!

* Rodrigo Lee é músico e admirador de punk rock.