quinta-feira, 26 de março de 2009

RAÍZES DO ROCK N'ROLL

RAÍZES DO ROCK N’ROLL
(publicado no jornal O Grillo)
*por Rodrigo Lee
rodrigo_lee@hotmail.com

No mês passado tive a grande satisfação de estrear como colunista do informativo ‘O Grillo’ com um texto que nomeei de ‘Breve introdução à história do Rock n’Roll’. Nos próximos meses falarei um pouco mais sobre suas raízes, costumes, influências e principalmente dos nomes mais significativos desse estilo musical tão amplo e que com o passar das décadas foi gerando inúmeras vertentes. E o mesmo estilo que gerou posteriormente tais vertentes é resultado da combinação de outros vários estilos musicais como o Blues, Country, Ragtime, Rhythm & Blues, Jazz, Folk e Gospel.
Vamos conhecer a partir desse mês os avós e pais do Rock n’Roll.
Como se sabe, os EUA fizeram bom e mau uso da escravatura até 1865, importando negros da África, geralmente do sul do continente. E já que eram arrancados de sua terra natal, pelo menos, durante um tempo, procuravam manter os próprios costumes entre eles como: sua arte, crenças religiosas e dialetos africanos. Devido ao trabalho forçado em plantações de algodão e arroz em condições climáticas pouco ou nada favoráveis, os negros passaram a usar a música como válvula de escape criando o que passou a se chamar de work-songs, os cantos de trabalho compostos de curtas frases musicais onde se misturavam as línguas africana e inglesa. Um trabalhador, o caller, puxava o coro que era respondido pelo restante da plantação. A isso se deu o nome de call-and-response. Daí a origem do Gospel (corruptela de Godspell, palavra de Deus) difundido nas igrejas protestantes metodista, presbiteriana e principalmente na batista que era composta, se não em sua totalidade, mas na maioria, por negros.
Antes da atual deturpada ‘glamourizaçao’ do Gospel, o mundo conviveu com grandes nomes que ajudaram a difundir suas raízes e originalidade. A diva Mahalia Jackson(1911/1972) em meados do século passado foi uma das maiores vozes ao lado de Ray Charles(1930/2004) que adaptou décadas depois vários clássicos spirituals para o meio secular, se tornando assim, o criador e maior nome da soul-music. Merecem ainda uma honrosa e justa citação o hoje em dia Reverendo Al Green(1946), que em dada época conturbada de sua vida se converteu ao protestantismo e passou a gravar apenas discos em louvor a Deus e, o rei Elvis Presley(1935/1977) que também em alguns momentos reflexivos ousou se aproximar do estilo e registrar em disco gravações que durante anos ficaram meio no limbo e recentemente foram redescobertas.

*Rodrigo Lee é musico e admirador de rock n’roll e suas vertentes

quinta-feira, 19 de março de 2009

BREWER & SHIPLEY

BREWER & SHIPLEY
(publicado na revista Poeira Zine)
por Rodrigo Lee*
rodrigo_lee@hotmail.com

Os americanos Michael Brewer & Tom Shipley talvez não sejam tão conhecidos mundialmente como as duplas Simon & Garfunkel e Loggins & Messina ou mesmo, Daryl Hall & John Oates, mas deixaram sua marca no tempo, sobretudo em sua terra natal, onde, com suas letras engajadas chegaram a incomodar até os lideres da Casa Brancaare truly two who work as one.. Além de seus temas sérios,Their trademark harmonies, intertwined acoustic guitars, and socially-conscious lyrics carved a unique niche in America's soundboard in the 1970s. grandes harmonias davam a tônica de seu som, executado em grande parte por violões, tocados pelos próprios.
Seu provável sucesso talvez se tenha dado apenas através do Top 10 hit “One Toke Over The Line”. Essa canção está no seu terceiro disco, ‘Tarkio’ (1970) e foi composta em meio à turnê de divulgação de seu trabalho anterior, ‘Weeds’ (1969). Segundo Brewer, eles não poderiam prever em momento algum que tal música, composta em menos de uma hora, os fizesse conhecidos além de seu país. Sempre fizeram questão de deixar bem claro que nunca almejaram algum tipo de êxito comercial. A intenção era apenas passar para os discos aquilo que sentiam necessidade de deixar para a posteridade como uma espécie de legado musical para seus amigos e parentes.
Eles começaram suas carreiras no inicio da década de 1960. Se conheceram nessa época e paralelamente a suas carreiras solo atuaram juntos algumas vezes nos circuitos folk até se juntarem em meados de 1967 em Los Angeles, onde Brewer estava trabalhando como letrista para outros artistas e Shipley acabara de chegar para tentar a sorte. Quis o destino que eles estivessem morando a um quarteirão da casa do outro. Passaram a compor alguns country-rock e folk’s para, entre outros, HP Lovecraft e Glen Yarborough. No ano seguinte resolveram gravar seu próprio álbum com o nome de Brewer & Shipley, o hoje raro item de colecionador ‘Down In LA’, solto no mercado pela A&M Records. Com o relativo êxito a dupla se aproximou de The Byrds, Buffalo Springfield e outos grandes da então emergente cena pop-folk de LA. Porém a cidade grande não caiu nas graças de Michael e Tom, que resolveram voltar para o interior, fixando morada em uma fazenda no Missouri onde podiam rever as nuvens, que segundo os próprios, era cinza em Los Angeles! Isso foi o suficiente para terem inspiração para compor grandes obras como ‘Weeds’ e ‘Tarkio’. Essa ultima inclusive com participação de Jerry Garcia do Grateful Dead. Posteriormente continuaram sua jornada até a separação em 1977. Seguiram gravando trabalhos solo e em 1987 se reuniram e lançaram mais dois álbuns seguidos de nova separação. Com o passar dos anos eles ainda se reuniram por breves períodos.
Sua discografia não é toda encontrada em formato digital, porém o clássico ‘Tarkio’ foi remasterizado e relançado em duas ocasiões: 1996 e 2004. A música “One Toke Over The Line” é constantemente incluída em trilhas sonoras de filmes americanos e mais de quarenta anos depois novas gerações tem a chance de entrar em contato auditivo com a dupla Michael Brewer & Tom Shipley. Long Live Brewer & Shipley!

*Rodrigo Lee é músico e admirador de todas as vertentes do rock n’roll