quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

RAÍZES DO ROCK N' ROLL (TECNOLOGIA)


por Rodrigo Lee*

Após apresentar vários estilos musicais que durante décadas ajudaram a definir aquilo que a partir dos anos 1950 passou a se chamar Rock n’ Roll, esse mês trago um pouco do que foi a tecnologia e o que os novos e modernos tempos trouxeram ao mundo. Muitas das descobertas culminaram exatamente quando do surgimento do Rock n’ Roll e tem ligação direta com o mesmo. Vamos a algumas delas:
-Símbolo máximo do rock, a guitarra elétrica veio ao mundo no comecinho da década de 1930 com a credibilidade da marca Rickenbacker. A Gibson contra-atacou em 1935 com o modelo ES-150. As famosas e eternas Gibson Les Paul, Fender Telecaster e Gibson Flying V apareceram respectivamente em 1952, 1954 e 1958. O contra-baixo elétrico surgiu em 1951 com um Fender Precision.
-O compacto de 45 rpm apareceu em 1949 substituindo os quebradiços e já antiquados 78s que existiam desde 1887.
-O rádio transistor chegou ao mundo em 1954 e era um modelo prático e acessível financeiramente ao bolso da juventude.
Portanto, a era do Rock surgiu em um momento favorável e próspero para os EUA, sob o governo do Presidente Dwight Eisenhower. Após padecer com duas guerras mundiais e também com a Grande Depressão de 1929/1932 eles eram a maior potencia do planeta e berço inconteste do entretenimento com seus carros, cinemas, jeans, hamburger’s e a pop-music. Com tanta modernidade os afamados e inevitáveis conflitos de geração vieram à tona com tudo. Os jovens estavam mais preocupados com o presente do que com o futuro tão pregado pelos seus pais. Eles tinham cultura e comportamento definidos pela então modernidade e por detalhes como a lambreta, os óculos ‘gatinho(a)’, a brilhantina e o vestuário ousado. Toda essa ‘nova era’ tinha como fundo musical o polemico Rock n’ Roll, que batia de frente com outros ritmos musicais ouvido pela classe universitária, como o jazz, o mambo e a american-folk-music, além da literatura existencialista dos poetas da beat-generation.
Certa vez um jornalista americano disse: ‘O Rock n’ Roll é a piada mais engraçada e duradoura do Universo’. Sim, porque desde seu surgimento em meados de 1955 os puristas vêem decretando o seu fim a cada decênio. E, já se vão mais de 50 intensos anos.
Long Live Rock n’Roll!

*Rodrigo Lee é músico e admirador de Rock n’ Roll e suas vertentes.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

CULTURA VEM DO BOLSO???


por Rodrigo Lee*

No ultimo ano o Brasil presenciou a chegada de inúmeros artistas internacionais para todos os bolsos e culturas(!).
Os shows de jazz e new jazz tiveram preços exorbitantes e por isso mesmo, direcionados a um publico especifico. Porem, como se especifica esse público? Cultura se mede pelo bolso? Diana Krall não é uma artista mais cara do que um grupo como o Keane, no entanto seus shows tinham os ingressos com valores no mínimo duas vezes mais caros do que os da banda inglesa. É preciso ter ensino superior, ser um profissional bem sucedido ou mais culto para ‘poder’ assistir Diana Krall e não ter nem um dos quesitos acima mencionados para ser fã de Keane? Provavelmente isso seja resultado de uma sempre citada sociedade capitalista, mas também pseudo elitista, separatista e preconceituosa. Por que quem mora em periferias não pode gostar de jazz e musica clássica e quem mora em condomínios hermeticamente fechados não pode gostar de rap e funk carioca? Música nem sempre precisa ser assimilada de acordo com o meio em que se vive. A educação e formação de um ser humano se dá em casa, na escola, trabalho e no convívio com outras pessoas. Com a formação musical é a mesma coisa. Debaixo de um teto onde vive uma família de quatro pessoas é possível encontrar quem goste de estilos musicais dispares como rock n' roll e sertanejo. Ou bossa nova e rap. Gosto musical é igual a qualquer outra escolha na vida. Quem gosta de amarelo não tem preconceito com quem gosta de azul. Por que o preconceito em relação a estilos musicais? Quem mora na periferia vive uma dura realidade de sobrevivência diária em que muitas vezes não cabe "cabecismos" de Jobim's e Caetano's. E ainda assim é possível encontrar amantes das obras desses artistas nessa sociedade esquecida ou ignorada. Antes de se julgar o que os outros estão ouvindo devemos tentar entender ou conhecer a realidade em que eles vivem. Passando por esse processo haverá uma possível aproximação dessas sociedades e será possível adaptar valores financeiros culturais para todos.

*Rodrigo Lee é músico e produtor cultural