sábado, 18 de julho de 2009

JULHO - Mês do Rock


Mês do Rock

por Rodrigo Lee*

Esse jovem senhor de pouco mais de 50 anos sempre arrebatou milhares de pessoas que estavam a fim de extravasar sentimentos que muitas vezes eram tolhidos por tradições familiares e decoros excessivos.
No inicio da década de 50 a América se recuperava do período pós-guerra e o poder aquisitivo da população dava um sinal de melhoria, surgindo uma geração ligada ao consumo não exatamente de primeira necessidade. As pessoas se ligavam na música de artistas românticos como Dean Martin e grandes orquestras como a de Glenn Miller. Porem, os filhos dessa geração necessitavam de algo para se rebelar, revoltar ou simplesmente ir contra a maré. Não que isso fosse necessário, mas, entraríamos em uma questão sócio-comportamental com a qual já nos habituamos, que é o fato de os filhos quererem ir em direção contrária ao costumes dos pais...
Bom, desde o inicio o Rock n’Roll foi um ritmo contagiante que traduzia frenesi, excitação e liberdade. E com o passar do tempo não envelheceu. Pelo contrario, se renovou, modernizou, seguiu e criou tendências na moda e nos costumes das pessoas.
Quando começou nos Estados Unidos com Chuck Berry, Little Richard, Jerry Lee Lewis, Buddy Holly, Carl Perkins, Bo Diddley e Elvis Presley, o rock sofreu influencias diretas do rhytm’n’blues e country-music. E ainda agregou outras como o folk, o jazz, o gospel e o pop tradicional.
O Rock n’Roll já nasceu polêmico, pois uma das características muito fortes no comportamento do americano era o racismo; e o estilo musical que acabara de surgir parecia ter o poder de unir os negros e os brancos em um mesmo ambiente.
Logo o novo estilo musical chegou ao Reino Unido e influenciados por Little Richard e Elvis Presley foram surgindo músicos que aos poucos iam montando suas próprias bandas. Daí surgiram nomes que consequentemente influenciariam centenas de músicos nas décadas seguintes: Rolling Stones, Beatles, The Who, The Kinks, Animals, etc. Já nos anos 70 e 80 surgiram várias vertentes para o Rock n’Roll. Só prá citar algumas e seus nomes principais: -Punk Rock: Sex Pistols, The Clash e Ramones. -Pós-Punk: Joy Division, The Smiths e The Cure. -Heavy Metal: Deep Purple, Led Zeppelin e Black Sabbath. -Progressivo: Genesis, Pink Floyd e Yes. -Hard Rock: Van Halen, Whitesnake e Motley Crue. Nos anos 90 e 00 vieram novas variações: -Grunge: Nirvana, Pearl Jam e Alice in Chains. -Brit-Pop: Stone Roses, Blur e Oasis. -New Metal: Korn, System of A Down e Slipknot.
O Rock n’Roll está o tempo todo se renovando e mantendo sua energia, ao ponto que outros estilos musicais foram se perdendo pelo caminho. Long Live Rock n’Roll!!!

Discografia básica:
Exile On Main Street – Rolling Stones
Revolver – The Beatles
London Calling – The Clash
Rocket to Russia - Ramones
Machine Head – Deep Purple
Van Halen – Van Halen
Powerslave – Iron Maiden
Nevermind – Nirvana

Livros:
Heavy Metal – Tom Leão
Brock - O Rock Brasileiro dos Anos 80 – Arthur Dapieve
Dias de Luta - O Rock e o Brasil dos Anos 80 – Ricardo Alexandre

*Rodrigo Lee é músico e admirador de todas as vertentes do Rock n’ Roll.

terça-feira, 14 de julho de 2009

RAÍZES DO ROCK N'ROLL - parte 3 (BLUES)

(Publicado no Jornal O Grillo)

Dando continuidade à história do Rock n’Roll, esse mês falarei sobre um estilo até hoje cultuado, imitado e extremamente relevante não só por sua ligação com o rock mas também com o Jazz. O estilo musical ao qual me refiro é o Blues.
Vale lembrar que tal palavra significa tanto “azul” quanto “melancólico”, “triste”. E mais uma vez entra em cena o negro africano, geralmente o escravo ou trabalhador do campo com suas anteriormente citadas work-songs.
Na metade do século XIX já se cantava blues nos grandes centros rurais americanos, principalmente nos estados do Mississipi e do Texas. Eles eram cantados à capela ou com acompanhamento de violão, banjo e gaita. Com a inevitável migração para os grandes centros como Chicago e Nova Orleans os músicos urbanos passaram a agregar novos instrumentos como a bateria, contra-baixo e saxofone. E o que até então era melancólico passou a ter um ritmo que mascarava um pouco do sofrimento escravo tão evidente em suas letras.
Os dois primeiros supostos clássicos do gênero são de W.C. Handy(1873/1958), ‘Memphis Blues’ de 1912 e ‘St Louis Blues’ de 1914. Handy não era exatamente o que passou a se chamar de um legitimo “blues-men” mas, essas duas músicas são tidas pelos historiadores como o embrião do então ” new-urban-blues”. Outros músicos mais conhecidos e significativos na história são: Blind Lemon Jefferson(1897/1929), Charley Patton(1887/1934), Leadbelly(1889/1949) e Robert Johnson(1911/1938). Sobre esse ultimo nome muito se falou durante décadas, menos por sua música e mais pelo seu suposto pacto com o demônio em uma encruzilhada. Conta-se que Johnson havia vendido sua alma em troca de sucesso imediato e duradouro. A história tomou proporções tão grandes que chegou a virar filme, - ‘Crossroads’-, em 1986, contando com a participação do guitar-hero Steve Vai. Independente da lenda macabra, Robert Johnson é venerado até os dias atuais e sempre citado em várias enciclopédias de rock como um grande guitarrista e um dos inventores do blues.
É muito importante lembrarmos que alem dos blues-men, haviam as blues-women. As mais famosas foram: Bessie Smith(1894/1937), Ma Rainey(1886/1939) e Mamie Smith(1883/1946), que abriram espaço para o estilo se popularizar entre os brancos, mesclando influencias teatrais. É de Mamie Smith a gravação de ‘Crazy Blues’ lançada em 1920 e que chegou a vender quase três milhões de cópias.
Até o mês que vem e ‘Long Live Rock n’Roll!’

*Rodrigo Lee é músico e admirador de rock n’roll e suas vertentes.