terça-feira, 14 de julho de 2009

RAÍZES DO ROCK N'ROLL - parte 3 (BLUES)

(Publicado no Jornal O Grillo)

Dando continuidade à história do Rock n’Roll, esse mês falarei sobre um estilo até hoje cultuado, imitado e extremamente relevante não só por sua ligação com o rock mas também com o Jazz. O estilo musical ao qual me refiro é o Blues.
Vale lembrar que tal palavra significa tanto “azul” quanto “melancólico”, “triste”. E mais uma vez entra em cena o negro africano, geralmente o escravo ou trabalhador do campo com suas anteriormente citadas work-songs.
Na metade do século XIX já se cantava blues nos grandes centros rurais americanos, principalmente nos estados do Mississipi e do Texas. Eles eram cantados à capela ou com acompanhamento de violão, banjo e gaita. Com a inevitável migração para os grandes centros como Chicago e Nova Orleans os músicos urbanos passaram a agregar novos instrumentos como a bateria, contra-baixo e saxofone. E o que até então era melancólico passou a ter um ritmo que mascarava um pouco do sofrimento escravo tão evidente em suas letras.
Os dois primeiros supostos clássicos do gênero são de W.C. Handy(1873/1958), ‘Memphis Blues’ de 1912 e ‘St Louis Blues’ de 1914. Handy não era exatamente o que passou a se chamar de um legitimo “blues-men” mas, essas duas músicas são tidas pelos historiadores como o embrião do então ” new-urban-blues”. Outros músicos mais conhecidos e significativos na história são: Blind Lemon Jefferson(1897/1929), Charley Patton(1887/1934), Leadbelly(1889/1949) e Robert Johnson(1911/1938). Sobre esse ultimo nome muito se falou durante décadas, menos por sua música e mais pelo seu suposto pacto com o demônio em uma encruzilhada. Conta-se que Johnson havia vendido sua alma em troca de sucesso imediato e duradouro. A história tomou proporções tão grandes que chegou a virar filme, - ‘Crossroads’-, em 1986, contando com a participação do guitar-hero Steve Vai. Independente da lenda macabra, Robert Johnson é venerado até os dias atuais e sempre citado em várias enciclopédias de rock como um grande guitarrista e um dos inventores do blues.
É muito importante lembrarmos que alem dos blues-men, haviam as blues-women. As mais famosas foram: Bessie Smith(1894/1937), Ma Rainey(1886/1939) e Mamie Smith(1883/1946), que abriram espaço para o estilo se popularizar entre os brancos, mesclando influencias teatrais. É de Mamie Smith a gravação de ‘Crazy Blues’ lançada em 1920 e que chegou a vender quase três milhões de cópias.
Até o mês que vem e ‘Long Live Rock n’Roll!’

*Rodrigo Lee é músico e admirador de rock n’roll e suas vertentes.

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