sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

CULTURA VEM DO BOLSO???


por Rodrigo Lee*

No ultimo ano o Brasil presenciou a chegada de inúmeros artistas internacionais para todos os bolsos e culturas(!).
Os shows de jazz e new jazz tiveram preços exorbitantes e por isso mesmo, direcionados a um publico especifico. Porem, como se especifica esse público? Cultura se mede pelo bolso? Diana Krall não é uma artista mais cara do que um grupo como o Keane, no entanto seus shows tinham os ingressos com valores no mínimo duas vezes mais caros do que os da banda inglesa. É preciso ter ensino superior, ser um profissional bem sucedido ou mais culto para ‘poder’ assistir Diana Krall e não ter nem um dos quesitos acima mencionados para ser fã de Keane? Provavelmente isso seja resultado de uma sempre citada sociedade capitalista, mas também pseudo elitista, separatista e preconceituosa. Por que quem mora em periferias não pode gostar de jazz e musica clássica e quem mora em condomínios hermeticamente fechados não pode gostar de rap e funk carioca? Música nem sempre precisa ser assimilada de acordo com o meio em que se vive. A educação e formação de um ser humano se dá em casa, na escola, trabalho e no convívio com outras pessoas. Com a formação musical é a mesma coisa. Debaixo de um teto onde vive uma família de quatro pessoas é possível encontrar quem goste de estilos musicais dispares como rock n' roll e sertanejo. Ou bossa nova e rap. Gosto musical é igual a qualquer outra escolha na vida. Quem gosta de amarelo não tem preconceito com quem gosta de azul. Por que o preconceito em relação a estilos musicais? Quem mora na periferia vive uma dura realidade de sobrevivência diária em que muitas vezes não cabe "cabecismos" de Jobim's e Caetano's. E ainda assim é possível encontrar amantes das obras desses artistas nessa sociedade esquecida ou ignorada. Antes de se julgar o que os outros estão ouvindo devemos tentar entender ou conhecer a realidade em que eles vivem. Passando por esse processo haverá uma possível aproximação dessas sociedades e será possível adaptar valores financeiros culturais para todos.

*Rodrigo Lee é músico e produtor cultural

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