quinta-feira, 24 de março de 2011
MATANZA
sábado, 5 de março de 2011
MÚSICA PRA DANÇAR
Carnaval chegou e o Brasil se divide entre quem gosta de marchinhas e quem gosta de axé music, como se essa separação fosse realmente necessária.
Deixo claro que não sou admirador de nem uma. Meu gosto musical passa longe disso. Quero apenas fazer um parâmetro entre os estilos.
Qual é a profundidade das letras de marchas tradicionais como Mamãe eu quero, Cabeleira do Zezé, Tahí, e Mulata? Certamente nem uma profundidade ou conteúdo! São letras infantilóides e maliciosas ao mesmo tempo. Musicalmente então, nem se fala. São acordes repetitivos e fáceis de tocar. Mas a intenção das marchinhas é a de dançar; e em defesa de uma ‘tradição da tradição’ as marchinhas são idolatradas. O ritmo axé também tem a intenção de fazer as pessoas ‘tirar os pés do chão’, sinônimo nos tempos atuais de dançar. As letras do axé não são é claro, um primor, mas tem, sim, mais conteúdo e fazem mais sentido nos tempos atuais do que as marchinhas. E musicalmente são infinitamente melhores do que as marchas. O exemplo disso são músicas de artistas como Daniela Mercury, Netinho, Ivete Sangalo e Claudia Leite. Aí eu chego à questão: porque os amantes das marchinhas têm preconceito com o axé e os amantes do axé, apesar de não ouvirem ou pular carnaval ao som de, não demonstram preconceito em relação às marchas??? Tradição ou preguiça mental de tentar entender, assimilar ou se adaptar aos novos tempos? Porque só as músicas, filmes, novelas e outros produtos culturais criados há décadas são melhores que os atuais? Pensar assim é no mínimo ignorar, desconsiderar e negligenciar os tempos em que nossos filhos vivem ou viverão. Porque não conhecer o novo tentando no mínimo encontrar nele as influências e qualidades do velho? Nesse carnaval, pense sobre isso quando for a bailes carnavalescos, onde a prioridade são as marchas, e/ou quando estiver ‘perseguindo’ o trio elétrico, onde o que manda é o axé. Muitas vezes precisamos apenas, literalmente, dançar a música sem nos preocupar em prestar atenção no que a letra está falando. Possivelmente se isso acontecer atrapalhará a dança!
Apenas dance, brinque e se alegre nesses quatro chamados dias em que esquecemos de tudo e nos divertimos! Depois disso a vida continua. Ou o ano começa!!!
*Rodrigo Lee é músico e produtor cultural