(enfim um festival que fez jus ao nome!)
por Rodrigo Lee*
Estamos habituados a ir ou ficar sabendo de
festivais que se dizem de rock, jazz,
sertanejo ou axé, e na programação final os organizadores enfiam por nossas
goelas cantores ou bandas que pouco ou nada tem a ver com o estilo. Exemplos
existem aos montes: cantores sertanejos no carnaval da Bahia, bandas de pop/rock em rodeios, cantores
explicitamente pop em festival de jazz
e ainda, cantora de axé em festival de rock!
E a desculpa por isso é: não tem desculpa! Os organizadores se esquivam das
perguntas. E quando não se desviam dão explicações esdruxulas!
Mas, vamos aos fatos atuais: o Monsters of
Rock aconteceu nos dias 19 e 20 de outubro. Dois dias especificamente de rock ‘n roll. No primeiro dia bandas relativamente
novas do subgênero new metal se apresentaram e fizeram a
alegria do publico mais novo - Slipknot, Korn, Limp Bizkit, Hatebreed e Gojira.
Não fui nesse dia, mas o que ouvi a respeito foi a superioridade de Slipknot e
Korn, que sem dúvida estão um degrau acima das demais.
Eu
fui no domingo, dia 20, e presenciei a boa abertura com os brasileiros do Dr. Sin, indiscutivelmente a melhor
banda de hard rock do país e que
desde sua formação inicial peca pelo fato de não ter um bom vocalista. O
baixista Andria Busic desempenha a função com boa vontade, mas falta...
Na
sequencia vieram os americanos do Dokken,
que confesso estava entre as atrações mais aguardadas por mim; porém o que vi e
ouvi foi uma banda quase desentrosada com o cantor Don Dokken sendo incapaz de
alcançar as notas mais primárias de suas próprias músicas. Boas músicas e
irregular desempenho.
Em
seguida veio o Queensryche. Ou o que
sobrou dele. No palco apenas o vocalista Geoff Tate. Está rolando uma briga
pelo nome: Tate de um lado e os outros três remanescentes, de outro. Os dois
lados estão usando o nome Queensryche e em breve os advogados chegarão a um
veredicto sobre quem pode usar a consagrada nomenclatura. Em relação ao show,
Geoff Tate com sua banda entregou um show
de muito bom gosto e qualidade, como sempre. A mistura de heavy metal com elementos do progressivo dão ao Queensryche o
possível título de criador do, hoje, duvidoso metal melódico!
Minutos
se passaram até que surge no palco o errante Buckcherry, uma (boa) mistura de Guns n’ Roses com new metal. E nada mais a acrescentar. O
tempo dirá se eles sobreviverão. Tomara que sim!
Um
das mais aguardadas bandas do festival, o Ratt
veio ao Brasil com Carlos Cavazo (ex-Quiet Riot) na segunda guitarra,
substituindo o falecido Robbin Crosby. A apresentação foi direta e carregada de
maneirismos do hard rock da década de
1980. O vocalista Stephen Pearcy nunca foi e nunca será um grande cantor, mas
exala simpatia, o guitarrista Warren de Martini, cogitado pra banda de Ozzy, é
um músico razoável e desempenha bem sua função. No fim das contas foi uma
apresentação divertida.
Pra
quem realmente gosta de rock n’ roll,
blues e hard bem feito, a
verdadeira atração principal da noite era o Whitesnake. Capitaneado por David Coverdale o sexteto deu uma aula.
Indiscutivelmente, a melhor banda do Monsters of Rock de 2013! Falar de
Coverdale é fácil: um dos maiores cantores e performers de todos os tempos! Ele sempre primou por montar um
grande time pra acompanha-lo e o atual, conta já há algum tempo, com os dois guitar-heroes Reb Beach e Doug Aldrich.
Nos outros instrumentos a troca é uma constante; prova disso é a presença no
Brasil do ‘atual ex’ baterista Tommy Aldridge. A tônica dos shows é a mistura
dos hard-blues com baladas que
arrebatam a todos. Melhor espetáculo da noite!
Uma
pausa maior do que as outras e surge na passarela, exclusiva pra atração final
da noite, Steven Tyler e Joe Perry. Pra quem há meses atrás estava a ponto de
encerrar as atividades o Aerosmith fez
razoavelmente bem a sua parte como alarmada ‘atração mestra’ da noite. Aliás, o
que os salva é um vasto e bom repertório comercial, que permeia as últimas,
quase, cinco décadas. O baixista Tom Hamilton, tratando de um câncer, nem veio
ao país, Joey Kramer sempre foi um baterista pífio, e com o tempo
piorou. O segundo guitarrista Brad Whitford é mediano. Teoricamente sobraria
para o dono da bola, Joe Perry, dar seu show.
E o que se ouviu foi um guitarrista errando solos e riffs primários, criados pelo próprio! Parece que enfim os anos de
abuso de substâncias duvidosas se manifestou na vida do cara, que quando surgiu
era o novo Keith Richards e influenciou, muito, entre outros, o guitarrista
Slash. Mas o que poderia ser uma apresentação média foi salva pelo show-man Steven Tyler. Vestido, adornado
e pintado como mulher o cara esbanja carisma, presença, energia e potência
vocal suficiente pra quase anular o restante da banda. Esperemos que o quarteto
de músicos se recupere tecnicamente ou estarão fadados a ser a banda que
acompanha um grande cantor e performer.
O saldo final foi excelente.
Pra
quem gosta de festivais com brasilidades e afins, aqui não é seu lugar! O
Monsters of Rock sempre foi um festival de um estilo anglo-americano eterno, o Rock n’ Roll!
*Rodrigo Lee é músico e produtor cultural.
2 comentários:
Simplesmente EXCELENTE
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